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sábado, 22 de agosto de 2009

(In)feliz história.

Trata-se de uma história real e actual. Vou falar de um rapaz com 24 anos, solteiro, amigo do seu amigo, simpático e (quase) feliz. Quase? Sim quase porque há três anos atrás, numa noite, que inicialmente parecia ser igual a tantas outras, lhe mudou a vida.
Nesse dia, bem cedo ele enviou uma mensagem á minha irmã, a convida-la para ir tomar um café após o jantar, e como é natural, visto que eles já eram amigos á quase 18 anos, ela aceitou o convite com todo o agrado. Poucas horas antes desse mesmo encontro, a minha irmã recebe novamente uma mensagem do tal amigo a pedir imensas desculpas, mas que o tal café teria que ser adiado porque ele ia experimentar o carro novo que o melhor amigo dele tinha comprado. E começa aqui a (terrível) história do Bruno (…)
O seu amigo ia na auto-estrada em direcção a um bar, quando de repente um carro que seguia na mesma faixa de rodagem ultrapassa-o de uma forma brusca e repentina. Sérgio, amigo do Bruno, surpreendido com o acontecido descontrola o carro onde ambos circulavam e despista-se. Bruno foi imediatamente transportado para o hospital com ferimentos graves, e com poucos sinais de vida. Ficou em coma durante alguns dias, mas com a sua vontade de (sobre)viver e com a ajuda dos médicos ele conseguiu resistir ao acidente. Esta história poderia terminar aqui se Bruno permanece com as mesmas capacidades físicas/psicológicas, mas não. Quando acordou do estado de coma verificou que tinha-lhe sido amputado o membro inferior esquerdo, e para além disso tinha partido a bacia.
Qualquer ser humano ia abaixo psicologicamente se estivesse no ‘estado’ que ele se encontrava, e como tal ele não foi excepção. São nesses momentos que os VERDADEIROS amigos/amigas se revelam. Ele teve azar com o que aconteceu naquele acidente, mas para além disso teve a triste noção que muitas daquelas pessoas que até então ele considerava, como amigas/os, desapareceram da vida dela tão rapidamente como o trágico acidente que ele sofreu. Existem excepções e este é um dos casos, pois algumas pessoas continuaram a dar-lhe força e permaneceram na sua vida.
(…)
Ouvi toda esta história durante esta tarde e durante longos minutos, reflecti sobre o assunto. Será que aquelas pessoas que eu, neste momento, considero-as como amigos/as, só estão comigo pelo meu aspecto físico, por mandar piadas, por ser social, por gostar de coisas que estão na moda ou então por ouvir aquela tal música que passa em todas as rádios? Hoje em dia, já ninguém dá valor ao interior das pessoas (lengalenga de sempre, mas que é uma verdade incontestada) e premeia-se o aspecto físico para a escolha de um/a amigo/a ou namorado/a.
Já viram em que profunda estupidez este mundo mergulhou? As pessoas zangam-se por estarem no trânsito, por não jantarem as 20h como o habitual e jantarem as 21h20, por o seu clube de futebol ter perdido, por um atraso no trabalho, por uma negativa na escola, enfim por inúmeras razões simplesmente fúteis, comparando com o problema do Bruno.
È com histórias como a do Bruno, que me fazem crescer, que me fazem mudar e que essencialmente me fazem ver o mundo de outra forma (…)